Entrevista realizada por Gessyca Oliveira.

Silvanilda Delgado, 27 anos, estudante cabo-verdiana de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará, reside em Fortaleza desde 2005 com outras estudantes de seu país natal. E durante esses anos de residência no Brasil, a estudante estrangeira passou por mudanças lingüísticas como forma de adaptação ao Brasil, reforço de algumas percepções em relação ao país, assim como também frustrações em relação a algumas delas.

Em fase de monografia e prestes a voltar para Cabo Verde, Silvanilda concedeu a entrevista via e-mail:

Gessyca: Por que você escolheu o Brasil para vir estudar?

Silvanilda: De varias opções,entre outros países que eu tinha a escolher,optei pelo Brasil ,primeiramente,devido à facilidade da língua, pois a minha língua oficial é português; depois,devido as coisas que eu via na midi, logo me identifiquei com esse país; e, por final, devido ao curso que vim fazer aqui,que é publicidade e propaganda,que eu tinha informações que o Brasil é um dos melhores nesse ramo.

Gessyca: Quais expectativas você teve antes de vir para cá e quais as frustrações?

Silvanilda: As expectativas que eu tive é que chegaria num país,mais precisamente em Fortaleza, onde iria encontrar coisas novas , ou seja ,maravilhas, iria encontrar pessoas simpáticas, um lugar lindo, que não fugisse muito da minha realidade,pois Cabo Verde tem muitas coisas parecidas com o Brasil. Só que infelizmente como tudo na vida não é maravilhas,tenho varias coisas que deixo muito a desejar, tais como: essa simpatia que falam do povo cearense,acho que é a mídia que o criou, porque quase que não vivi isso aqui, e também não sei se é pelo “facto” de ser Africana mas aqui muitas pessoas não são nada simpáticas com a gente, ainda tem essa coisa na mente que África é um pais pobre,cheio de doenças, então ficam com medo de passar-lhes algo.

Gessyca: Quais as semelhanças culturais entre seu país e o Brasil?

Silvanilda: Bom, as semelhanças culturais são muitas, devido ao “facto” de que a cultura brasileira surgiu de escravos africanos. No que se pode considerar muito parecido com a nossa cultura é primeiramente a questão da festa,os dois países adoram da mesma forma uma boa festa, ou seja, tudo é motivo de comemoração. Tem o costume do carnaval, tem também a questão da culinária que tem varias coisas parecidas tais como: daqui do Ceará, temos o mugunzá,que é parecido com um prato típico do nosso pais que é a “catchupa”, a cachaça que lá também é muito produzida, mas com o nome de “aguardente”.

Gessyca: Como as pessoas de Cabo Verde vêem o Brasil?

Silvanilda: As pessoas vêm o Brasil como um país que pertence a Cabo Verde, isso porque? Bom isso é principalmente pelo “facto” de Fortaleza estar ligada a Cabo Verde pela via aérea num curto espaço de tempo,que é de 15h45mn de avião, depois tem o que é mostrado pela mídia: eles vêem o Brasil como o paraíso onde se pode passar umas boas férias.

Gessyca: Quais as línguas faladas em Cabo Verde?

Silvanilda: Em Cabo Verde temos a nossa língua materna que é o “crioulo”, que usamos no dia-dia,na rua com os amigos,familiares etc, e temos o Português que se usa nas instituições e na mídia.

Gessyca: Quais as dificuldades encontradas no português do Brasil em relação à fala e a escrita?

Silvanilda: As dificuldades foram muitas, primeiramente na rua devido aos termos que as pessoas gostam de usar,muitas vezes me faziam confusão, e na questão da sala de aula também encontrei algumas,principalmente na escrita, isso porque lá em Cabo Verde usamos o português de Portugal, que é bem diferente do que se usa aqui, e depois quando os professores falavam pouca coisa eu entendia,porque falavam rápido e complicado.

Gessyca: Sofreu dificuldades de adaptação ao país?

Silvanilda: Não. Só a saudade que me perturbava.

Gessyca: Sofreu algum tipo de preconceito pelo fato de ser estrangeira?

Silvanilda: Sim. Na faculdade sempre haviam pessoas que ficava meio desconfiadas. Isso porque a faculdade aqui é muito concorrida para se conseguir entrar, então achavam que viemos aqui pegar os lugares deles, mas só que depois de lhes explicar como entramos aqui nas faculdades Brasileiras, que é através de um convênio que existe,então já ficavam mais tranqüilos.

Gessyca: O que o Brasil tem de positivo e de negativo?

Silvanilda: De negativo, Fortaleza, que é o lugar que conheço e onde vivo, tem uma grande falta de saneamento, e de mais cuidados com a via pública,isso porque é um lugar muito sujo. E de positivo, tem as festas, as praias, algumas pessoas.

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