A política lingüística nasceu como área de estudos na década de 1960 e preocupa-se com a relação entre o poder e as línguas, ou mais propriamente, com as grandes decisões políticas sobre as línguas e seus usos na sociedade.

Faz pouco tempo que o termo "política lingüística" está circulando de maneira minimamente sistemática no Brasil. Até o ano de 2006, somente um programa de pós-graduação em lingüística tinha uma linha de pesquisa em política lingüística, o da Universidade Federal de Santa Catarina. Dedica-se ao assunto desde 1999 no Brasil e no MERCOSUL o IPOL - Instituto de Investigação e desenvolvimento em Política Lingüística — com sede em Florianópolis, Brasil. Mas sabemos que a intervenção humana na língua ou nas situações lingüísticas não é novidade: sempre houve indivíduos tentando legislar, ditar o uso correto ou intervir na forma da língua. De igual modo, o poder político sempre privilegiou essa ou aquela língua, escolhendo governar o Estado numa língua ou mesmo impor à maioria a língua de uma minoria. No entanto, a política lingüística, determinação das grandes decisões referentes às relações entre as línguas e a sociedade, é um conceito recente que englobam apenas em parte essas práticas antigas.

Nas duas últimas décadas, entretanto, o panorama das reivindicações dos movimentos sociais, a diversificação de suas pautas, o crescimento das questões étnicas, regionais, de fronteira, culturais, tornaram muito mais visível que o Brasil é um país constituído por mais de 200 comunidades lingüísticas diferentes que, a seu modo, têm se equipado para participar da vida política do país.

Assim, o crescimento desses movimentos sociais e a reação do Estado a essas reivindicações vão tornando dia a dia mais claro o âmbito das responsabilidades das políticas lingüísticas — seus métodos e interesses. Sobretudo, vão tornando mais claro que ‘política lingüística’,é uma prática política associada à intervenção sobre as situações concretas que demandam decisões políticas e planificação de políticas públicas.

Uma idéia que resume a essência de uma política linguística é que todas as línguas constituem formas preferenciais de identificação cultural no uso que o falante faz delas no seu cotidiano e contribuem para a realização do indivíduo como membro de uma comunidade. Assim se justifica a importância atribuída ao ensino da língua materna. Por outro lado, quando uma língua viva passa a ser menos conhecida e menos utilizada pelas pessoas para quem não é língua materna, perdem-se referências históricas e torna-se mais obscura a caracterização da comunidade que a fala. A necessidade de definir uma política de língua decorre destas duas razões de caráter psicossocial e cultural, reforçadas por interesses econômicos que hoje se inserem num contexto mundial. Motivos de sobra, portanto, para nos ocuparmos e preocuparmos com a definição de uma política de difusão da língua portuguesa.

Referências:

• MÜLLER DE OLIVEIRA, Gilva, IPOL, Florianópolis, julho de 2007. In: Prefácio de Políticas Linguísticas.

Estudante: Mariana Peres de Morais

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