O termo bilinguismo, aplicado ao indivíduo, pode significar simplesmente a capacidade de expressar-se em duas línguas. Numa comunidade, pode ser definido como a coexistência de dois sistemas lingüísticos diferentes (língua, dialeto, etc.), que os falantes utilizam alternadamente, a depender das circunstâncias, com igual fluência ou com a proeminência de um deles.

O bilinguismo constitui a forma mais simples de multilinguismo (que, por sua vez, se opõe ao monolinguismo), e pode ocorrer em diversas situações, tais como:

• Uma segunda língua é aprendida na escola:
• Emigrantes estrangeiros falam a língua do país hospedeiro (mesmo que com alguma dificuldade),
• Em países nos quais há mais de uma língua oficial,
• Crianças cujos pais são de diferentes nacionalidades,
• Pessoas surdas que, além da linguagem de sinais, utilizam alguma língua oral, na tentativa de se comunicar com a comunidade ouvinte (observando-se que o bilinguismo dos surdos é um caso especial).

Estes grupos de pessoas têm necessidades distintas e desenvolvem, por isso, capacidades distintas nas línguas que falam, dependendo das necessidades e dos diferentes contextos.

No que respeita à educação de crianças como bilingues, Saunders mostra que existem vantagens e desvantagens neste processo.

Vantagens do ensino bilíngue

1. Quando adquirido na infância permite que a criança tenha a pronúncia de um nativo;
2. Desde a infância faz com que a criança desenvolva superioridade em habilidades em geral;
3. Q.I. e um grau de aprendizado superior àquele de crianças monolingues;
4. Proficiência nas duas línguas, não sendo necessário processo formal de aprendizado.

Desvantagens do bilinguismo

1. Pode retardar a inteligência verbal, isto é, a criança pode demorar mais para falar, pois aprenderá dois sinônimos para cada palavra;
2. Uma língua sempre, de uma forma ou de outra, influencia a outra;
3. Pode ocorrer "triggering", ou seja, mudança de idioma, caso não se saiba uma palavra em uma das línguas.
4. Possibilidade de misturar as diversas línguas, acidentalmente;
5. Sentimento de ir perdendo uma das línguas (por norma, a minoritária);
6. Ver-se “obrigado” a servir de intérprete em diversas situações.
7. O bilíngue escolhe a língua do interlocutor e desactiva, da melhor maneira que consegue, a(s) outra(s) língua(s); no entanto esta desactivação não é total: há interferências. As interferências podem ocorrer a diversos níveis:

• Fonológico;
• Sintático;
• Semântico;
• Pragmático.

Sobre o bilinguismo e os Surdos

No século XIX os Surdos reivindicaram os seus direitos e a sua língua já foi reconhecida. Entre esses direitos estava a utilização da sua língua na educação dos Surdos, que eles fossem reconhecidos não como deficientes, mas como diferentes e que sua cultura fosse respeitada. Assim, dentro da comunidade ouvinte, eles construíram uma comunidade própria, com a sua língua, a sua cultura e tentaram estabelecer-se como grupo minoritário que pudesse ser aceito numa visão multicultural.

Para os bilinguístas, os Surdos não precisam almejar ser iguais aos ouvintes, podendo aceitar e assumir a surdez. O conceito principal que a filosofia bilíngue traz é de que os Surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias. Os bilinguístas preocupam-se em entender o indivíduo Surdo, as suas particularidades, a sua língua (língua gestual), a sua cultura e a sua forma particular de pensar, em vez de apenas os aspectos biológicos ligados à surdez.

O Brasil, quanto ao sistema de educação bilíngue, na maioria dos países, acredita que o campo da educação bilíngue sempre foi um campo de batalha ideológica. Por um lado, existem pessoas que apenas aceitam a educação bilíngue como um “mal necessário” – e fazem de “bilíngue” um termo quase pejorativo. Por outro lado existem pessoas que vêem a educação bilíngue como uma ferramenta para cultivar pluralismo, o respeito às diferenças, a auto-estima de grupos minoritários e o conhecimento cultural e linguístico essenciais para uma sociedade globalizada.

Na grande maioria dos países, o bilinguismo daqueles que não são proficientes na língua nacional, mas que falam outra língua como materna, é desprezado.

Assim sendo, apesar do bilinguismo dos ouvintes ser considerado chique, o bilinguismo dos Surdos não o é, visto que o Surdo não domina a língua nacional como nativo da língua. Como tal, ainda existem muitas batalhas a travar, no campo do bilinguismo.

Referências bibliográficas

Verbete Bilinguismo Wikipédia

Verbebe Bilinguismo e os Surdos Wikipédia

Estudante: Jéssica Maria Mota Medeiros

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